Por Rubie José
Giordani
Professor de Matemática
Especialista em Matemática
Técnico em Informática
Professor de Matemática
Especialista em Matemática
Técnico em Informática
A Matemática na Agricultura
Não há como pensar em
Matemática sem relacioná-la também com os fenômenos da natureza. O homem, muito
antes da construção das pirâmides no Egito, um dos símbolos da aplicação da
Matemática na engenharia há quase 5 000 anos, já fazia o uso desta Ciência para
controlar as inundações do rio Nilo observando as estrelas, que anunciavam as cheias
dependendo da posição de certas constelações no céu. Como este ciclo se repetia
e as plantações às margens do rio Nilo ocorriam em determinadas épocas no
intervalo destas repetições, já naquela época foi possível estabelecer um
calendário muito parecido ao usado atualmente. Outras evidências da utilização
de processos matemáticos nos primórdios é o controle dos rebanhos que se fazia
através de marcações em ossos, pedaços de madeira ou montes de pedrinhas.
Atualmente, listar as
inúmeras aplicações da Matemática seria exaustivo, por que ela está em toda a
parte. Por isso, aqui o enfoque será a sua aplicação em algumas atividades básicas
desenvolvidas na Agricultura.
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/paisagem-natureza-colza-campo-3369304/
Iniciando pelo preparo da terra, desde a interpretação
da análise do solo até o cultivo, a Matemática é imprescindível para determinar
as quantidades de insumos, sementes, defensivos, horas de máquinas e combustível
necessários para a implantação de uma cultura, além de outros cálculos que
permitem satisfazer a curiosidade. Por exemplo, se para corrigir a acidez do
solo são necessárias 5 toneladas de calcário por hectare e a lavoura é de 8
hectares, então serão necessárias 40 000 kg de calcário para tornar o solo
menos ácido. Em relação ao adubo, se são necessários 450 kg por hectare, então 3
600 kg deverão ser espalhados na lavoura.
As possibilidades de cálculos são diversas, por exemplo, é possível saber
que é necessário 480 000 sementes para cultivar a área total já que em um saco
de sementes há 60 000 e que isso é suficiente para um hectare. Através da
estimativa da germinação que gira em torno de 90 %, calcular o número
aproximado de plantas, no caso 432 000, que estão crescendo na medida em que os
dias passam no calendário.
Na colheita, além da facilidade de medir a
produção em sacas e transformar em kg ou toneladas, calcular a perda devido à
umidade e impurezas maior que a aceitável para a comercialização e encontrar o valor
recebido pela venda é possível calcular o número de grãos colhidos e dessa
maneira entender a relação existente entre a quantidade de sementes lançadas ao
solo e a quantidade de grãos cultivada. Para tanto, basta obter a massa em
gramas de 100 grãos, multiplicar o número de grãos pesados pela produção total
em kg e dividir pela massa dos 100 grãos e ao final multiplicar por 1 000, pois
1kg = 1000 gramas. Se 100 grãos possuem uma massa de 50 gramas, e a produção
dos 8 hectares foi de 100 000 kg, então 100 grãos x 100 000 kg / 50 g = 20 000
x 1000 = 200 000 000 de grãos colhidos. Como germinaram 432 000 sementes, então
200 000 000 / 432 000 = 462,96 grãos, ou seja, a relação entre cada semente
lançada ao solo e a produção foi de 1 para 462,96. Um rendimento alto, não é
mesmo? Claro que nenhum agricultor precisa fazer este cálculo, mas a Matemática
permite esta façanha.
Tirando os olhos do chão e direcionando-os
para o céu, a Matemática pode ser usada para controlar a precipitação
pluviométrica, que é de fundamental importância para saber o momento de
irrigar. Pois, se a cultura necessita, por exemplo, de 400 mm de chuva em seu
ciclo e esta quantidade natural de água não foi suficiente, será necessário calcular
a água que deverá ou deveria ser aplicada de forma artificial para que não haja
perdas na produção. Supondo que a chuva durante o ciclo da cultura foi de 350
mm, então, faltarão 50 mm, que corresponde a uma lâmina d´água de 50 litros
espalhados em 1 m², logo, serão necessários 500 000 litros de água por hectare
ou 4 000 000 litros (4 000 m³) de água na lavoura de 8 hectares. Por isso, a
importância de preservar as fontes de água e construção de cisternas a fim de armazenar a água da chuva para irrigar em
momentos de estiagem ou precipitação insuficiente.
Usando um raciocínio semelhante é possível
realizar cálculos para controlar as despesas e as receitas envolvidas na
cultura. Por exemplo, se o custo por hectare for x, então para y hectares,
basta multiplicar x por y. Simples, não é mesmo? A Matemática do dia a dia é
assim: simples. Neste sentido, o
controle permanente das despesas e receitas através de operações matemáticas elementares
auxilia o produtor a administrar a propriedade e obter sucesso financeiro.
Tabelas e gráficos também são ferramentas matemáticas que permitem
acompanhamento, análise e comparação das despesas e receitas entre as safras,
permitindo assim, a tomada de decisões que afetam positivamente os lucros.
Muito tempo passou desde o cultivo das terras
egípcias até os dias atuais, o desenvolvimento da tecnologia facilitou muito o
trabalho no campo, o aumento da produção é notável e os lucros mais animadores,
mas a Matemática continua sendo uma ferramenta básica e ao mesmo tempo
fundamental para o planejamento e manutenção das culturas, garantindo assim, a
continuidade deste setor tão importante para a manutenção da vida humana na
Terra.
O texto acima foi publicado na íntegra na Revista da Associação Gaúcha de Professores Técnicos de Ensino Agrícola em 2015.
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Parabéns pelo texto professor Rubie. Eu também sou professor de Matemática e considero a Matemática uma ciência formidável, aplicável às mais diversas áreas e a Agricultura é sem dúvidas uma área em que a Matemática está muito presente. Muito bom, parabéns pelo texto.
ResponderExcluirQue bom que gostou do texto Paulo. Fico contente e motivado a escrever mais.
ResponderExcluirAproveite e veja meus livros em https://rubieautor.blogspot.com/p/blog-page_28.html