Como as abelhas armazenam o alimento
No interior do ninho das abelhas sem ferrão o
depósito de alimento é construído na forma de potes, feitos e unidos uns aos
outros por estruturas de cerume.
São nos potes de alimento, em separado, onde as
abelhas armazenam o pólen e o mel.
Pólen
O pólen é a parte masculina da flor. Quando as
abelhas visitam as flores, atraídas por uma solução açucarada, transportam em
seu corpo minúsculos grãos de pólen de uma flor a outra, contribuindo
significativamente para a polinização cruzada.
Parte destes grãos de pólen também fica grudada nos
pequenos pelos de uma estrutura chamada corbículas, presente nas patas
traseiras, para então ser levado ao ninho e ser armazenado como fonte de
proteína.
O pólen é também um importante componente
nutricional para as larvas em crescimento.
Abelha da espécie Mirim Droryana (Plebeia
droryana) com pólen em suas patas traseiras na entrada da caixa racional.
As abelhas armazenam o pólen e o mel para sua
sobrevivência em períodos de escassez e para o inverno.
Porém, com um manejo adequado e racional é possível
colher parte do mel para o consumo humano, como remédio ou como alimento.
Mel
O mel é um tipo de açúcar com alto valor energético.
A sua formação inicia quando as abelhas visitam as
flores e encontram o néctar, uma espécie de solução aquosa açucarada.
As abelhas sugam este néctar e o armazenam em seu
abdome. Ao chegar à colmeia regurgitam esta solução adocicada e a oferece às
outras abelhas, que engolem e regurgitam em seguida para outras abelhas, que
engolem e depois regurgitam tantas vezes quantas forem necessárias para que
haja uma desidratação adequada a fim de possibilitar o seu armazenamento nos
potes de alimento.
O processo de desidratação é auxiliado pelo bater de
suas asas, que aquece e ventila o ambiente do ninho, favorecendo a evaporação
da água do mel. Às vezes, a quantidade de água evaporada é tão grande que as
abelhas precisam beberem esta água para em seguida regurgitá-la no exterior da
colmeia.
A viscosidade do mel se dá justamente pela retirada
da água, ou seja, quanto menos aquoso é o mel, mais viscoso ele se torna.
A umidade do mel das abelhas sem ferrão varia de 18%
a 24%, dependendo da espécie.
Neste processo repetitivo de engolir e regurgitar
são adicionadas ao néctar duas enzimas: a invertase e a glicose oxidase.
A enzima
invertase transforma a sacarose (tipo de açúcar existente no néctar) em glicose
e frutose (dois outros tipos de açúcares).
A glicose oxidase transforma a glicose em ácido
glicônico (tornando o mel com acidez que varia do pH 3 a 4,5) e peróxido de
hidrogênio (água oxigenada) que evita o desenvolvimento de micro-organismos e
bactérias que fariam o mel fermentar.
Este processo de produção e conservação do mel
realizado pelas abelhas é tão sofisticado que torna o mel um alimento com uma
durabilidade incrível (comestível por até dois anos, segundo as leis
brasileiras), mas encontrado em tumbas egípcias ainda em perfeitas condições.